terça-feira, 31 de março de 2015

Médicos ou Monstros...

Quem nunca foi consultar um médico e encontrou um 'doutor' com olhar sério, um tanto solene e apressado e que logo pergunta o motivo de sua visita. O paciente então, um tanto intimidado, vai enumerando suas queixas, enquanto o médico já faz anotações em papel, ou em seu computador. O paciente nem bem termina de falar e o médico já tem preparada uma requisição de exames clínicos a serem feitos em algum laboratório conveniado, caso o paciente tenha algum convênio médico.

Se não tem, o calvário inicia muito antes, ao marcar consulta para geralmente  meses adiante. Outros tantos meses vão se passar até que consiga vaga para realizar os exames pedidos . Esta situação é bastante comum no atendimento de saúde pelo país afora. Não raro o processo todo leva mais de um ano, enquanto isso a patologia vai progredindo.

Em nossa crônica midiática cotidiana somos bombardeados por más notícias vindas de todos os lados, realçando especialmente as ações e omissões do governo, Não há espaço para boas notícias. Mas, garimpando na internet encontrei o relato dos resultados obtidos em  municípios do Estado do Piauí por alguns dos famosos médicos cubanos que celebravam um ano de mortalidade infantil zero. Algo que realmente merece celebração.

A nota enfatiza bastante o modo de atuação desses médicos em contraste com o quadro com que iniciei este meu comentário e a conclusão a que chego é que existe um vício de origem, um pecado original na formação de nossos médicos. 

Nitidamente nossos doutores são formados para combaterem doenças, patologias. O paciente é apenas o mero portador desses males. A luta é entre o médico e a doença. A partir disso são solicitados inúmeros exames e receitados diversos remédios, geralmente os mais novos no combate ao suposto mal . 

Por outro lado, conforme o relato que apreciei, os médicos cubanos parecem receber uma formação diferente. Seu foco não é a doença e sim o paciente. É lógico que eles também requisitam exames clínicos e receitam remédios, porém visando o fortalecimento do doente para que este venha a debelar seus males, coadjuvado pela medicação. Assim sua eficácia tende a ser maior, inclusive muitas vezes, vem o paciente a se recuperar sem nem mesmo precisar ser medicado. Basta-lhe apenas um pouco de atenção e apreço do doutor. 

Os médicos cubanos, diferentemente dos nossos, parecem realmente encarar a prática médica como um sacerdócio, deixando o aspecto comercial e financeiro em segundo plano. Já os nossos médicos parecem adotar práticas capitalistas, onde a doença é fonte de receita para remunere o sistema. 

A atenção do médico para com seu paciente se restringe, no mais das vezes, à receita de medicamentos, muitas vezes equivocados e que não raro acabam agravando a situação do doente. Outra prática malévola denunciada pelas estatísticas é o elevado número de partos por cesariana, apenas e tão somente porque essa modalidade de parto é melhor remunerada que o parto natural. 

Mas o que realmente me deixa muito perturbado com relação à medicina aqui praticada são os casos escabrosos de trotes praticados por veteranos sobre os calouros, mesmo em nossas melhores faculdades de medicina. Diversos calouros já morreram em razão da violência e selvageria dos trotes aplicados pelos veteranos. Então eu me pergunto; com esse tipo de formação - ou antes seria deformação... O que produzem nossas faculdades de medicina, médicos ou monstros?

quarta-feira, 25 de março de 2015

É Fogo!

Ao que parece, os motoristas brasileiros serão obrigados à partir do dia primeiro do próximo mês a terem substituído o extintor de incêndio de seus carros.

O extintor antigo, tipo B-C, de pó químico não é eficaz na extinção de fogo em materiais sólidos, tipo estofados dos carros. Já o novo extintor, tipo A-B-C, é também eficaz para apagar o fogo nesses materiais. Ao menos é o que se diz; já a demonstração da repórter da TV Anhanguera no youtube mostra algo um tanto diferente do que é informado.

Sinceramente não sei qual é o motivo pelo qual nós, motoristas brasileiros, temos de portar o tal extintor em nossos carros. Acho que foi uma exigência instituída lá pelos anos 60 ou 70 do século passado, pelo governo militar mas que até hoje vem sendo mantida, Também desconheço se algum outro país no mundo faz exigência semelhante. Mas o pior é que eu nunca vi alguma pesquisa que confirme a eficácia dessa exigência. 

Quanto a carros incendiados nas ruas e estradas brasileiras, acontecem aos montes e curiosamente também,  nunca foi apresentada uma comparação entre o número de tais ocorrências em relação ao tamanho de nossa frota, comparada com as frotas de automóveis de outros países no mundo.  

Mas por que é que os órgãos de trânsito aparecem agora com essa exigência? Durante os quase 50 anos de vigência dessa lei, nunca se percebeu que os extintores exigidos não eram os mais eficientes?

O problema é que nas vésperas da entrada em vigor da lei que obriga os novos extintores, o preço do dispositivo aumenta muito, e os frentistas dos postos, onde geralmente se encontra o aparelho, logo nos assombram com a perspectiva da multa considerada grave e mais 5 pontos na carteira.

Novamente, até onde sei, ninguém vem nos assombrar com a possibilidade de nossos carros saírem pegando fogo por aí, mesmo porque, carros com manutenção em dia dificilmente pegam fogo. Acredito que a maioria dos casos  ocorre em situações de acidentes, mas neste caso qual seria a prioridade? Socorrer o carro que está pegando fogo ou as eventuais vítimas que nele estiverem?

Percebo isso como outra medida ineficiente que vai apenas ensejar a oportunidade para que fabricantes e comerciantes de extintores venham auferir algum dinheiro às custas dos motoristas brasileiros que devido a sua incapacidade de proteger seus direitos e por isso são presas fáceis dessas medidas de ocasião, como aquela outra ocorrida há alguns anos atrás, em que se obrigava os motoristas a terem kits de primeiros socorros em seus carros. Desta feita, autoridades em saúde pública vieram demonstrar que a medida era não apenas inadequada como também poderia ser prejudicial, e assim a exigência foi abolida. Será que podemos esperar que o bom senso prevaleça também agora?

Reinaldo