terça-feira, 7 de junho de 2016

Mais um monte de primorosas ideias de jerico

Fazia tempo que eu não escrevia. Ando muito triste com tudo que está acontecendo em nosso país...

Bom, como o assunto do momento é essa história de 'impeachment' (Diacho! se temos uma palavra em português para isso - impedimento - para que ficar usando o termo em inglês?)  é golpe, não é golpe   e por aí vai, resolvi mostrar o que penso disso.

O segundo governo Dilma não foi o esperado. Foi bem ruinzinho, vamos dizer a verdade. Mas a mulher foi eleita pelo povo e não poderia ser retirada do governo sem ter cometido nenhum crime. Pelo menos, até agora, não apresentaram nenhum, exceto... o episódio que passou a ser chamado de pedaladas fiscais que acabou dando motivo para iniciar o processo de impedimento.

Mas o que teve de reprovável na conduta da presidente? 

Primeiro, a lei de responsabilidade fiscal não permite esse tipo de artifício - muito embora seja pratica frequente de outros governantes. Mas o que,  exatamente, o governo Dilma fez? (detalhe - governo Dilma, inclui seu vice, é bom lembrar). 

Bem, o governo atrasou o repasse da verba de custeio do crédito agrário aos pequenos produtores rurais (que produzem 70% do que nóis, o povão come) e também de benefícios sociais como bolsa família, auxílio desemprego e outros mais, e que tiveram de ser suportados pelos bancos estatais (Banco do Brasil e Caixa Federal).  Mas para que o governo fez isso? Para que o déficit fiscal não superasse a meta estabelecida.

Em outras palavras, o governo 'maquiou' o orçamento, para que ficasse 'bem na foto'. 
Mas vamos um pouco mais adiante... Se não tivesse feito isso, talvez a Dilma não conseguisse se reeleger, não é mesmo? Provavelmente. 

Mas tem outra coisinha que ninguém fala nem comenta. Seria bem capaz que a deterioração das contas do governo tivesse dado margem para aumento da taxa de juros, não é mesmo? 

É lógico, não é? Se você não cumpre os compromissos que assume com seus credores, naturalmente eles vão querer uma compensação que se traduz no aumento da taxa de juros. E quem ganha e quem perde com isso? Quem ganha são os rentistas - banqueiros, empresários e capitalistas. E quem perde? Ehh!!! Ói nóis ai! O povão... Ah é? Mas como? 

Ta-ta-ta-tara-tata-ta-ta...Primeira medida do governo Temer - Pede autorização ao congresso para aumentar o déficit. 

O governo Dilma tinha pedido um aumento de 97 bi, que o congresso negou e logo depois impediu a presidente. 

Entra o novo governo e pede aumento do déficit para 170 bi! Lógico que por culpa da desastrada governante anterior, não é mesmo?  73 bilhões... Uma grana e tanto, não é mesmo? Para que isso? 

Para o novo governo poder gastar. Isto significa que o legislativo autorizou o governo a aumentar seu endividamento nesse montante - SETENTA E TRÊS BILHÕES!! Naturalmente essa montanha de grana tem que ser  financiada pelo... ah, como se diz mesmo? Ah! O (deus) mercado financeiro... Olha os rentistas aí de novo! E com contas assim deterioradas, o que se faz com a taxa de juros? 

Aumenta! E como é que o governo vai fazer para pagar essa dívida toda? Bom, aí precisa cortar despesas e aí entram um monte de ideias - cortes nos gastos com saúde, com educação e principalmente o mais visado, o mais abjeto, o mais amaldiçoado benefício social (do ponto de vista dos rentista) a aposentadoria. (Mata o velho, mata o velho...) 

Com efeito, quais foram mesmo as medidas anunciadas pelo novo ministro, o Meireles? Estabelecer um teto para despesas com saúde e educação - naturalmente fixado quando a arrecadação do governo está no mínimo? (ói, não é por nada não, mas a constituição diz que a saúde tem que ficar com 15% da arrecadação do governo - só que estão querendo mudar isso - olha a PEC no forno! Esquece os 15 porcento da constituição). 

Bom, tem mais alguns outros expedientes no 'pacote de maldades Meireliano, que não vou entrar em detalhes para não prolongar demais essa conversa toda, e acho que já deu pra perceber, não é,  que quem fica rindo de orelha a orelha com isso tudo são os rentistas que vão ganhar muito, mas muito mais. E quem vai ficar com  - desculpa a má palavra, mas é isso mesmo; quem vai ficar com 'rego ardido' é nóis, o povão. 

Se a saúde está ruim... Não se preocupe, vai piorar um bocado mais. A educação é péssima, pois vai ficar mais pior de ruim. A aposentadoria está curta, pois vai encurtar ainda mais... Mas tudo bem, com o aumento da idade para se aposentar, você vai ficar trabalhando mais alguns anos. Ah, ia me esquecendo, eles também querem, como é que dizem? É, isso aí, 'flexibilizar' o trabalho - terceirização de atividades fim e prevalência de acordo sobre a legislação... Quer saber o que são essas coisas? Amanhã eu conto... E viva o Temer! Fora Dilma!!! Ehhh!!! 


terça-feira, 10 de maio de 2016

Era Uma Vez...

Era uma vez um país rico e poderoso. Seus habitantes gostavam muito de comer frutas tropicais, porém, por se situar em zona climática desfavorável para tais culturas, criou uma empresa, multinacional, para plantar tais culturas alhures. Mas como a companhia era muito poderosa e os países onde se estabelecia eram fracos, essa empresa foi desenvolvendo métodos ortodoxos e outros nem tanto para salvaguardar seus interesses. Especialmente os países com tendências democráticas eram os mais visados para o emprego de tais  táticas. 

A United Fruit Company, esse era o nome da multinacional, financiava a dissidência que lhes era mais favorável para que derrubasse os governos de viés democrático e implantasse ditaduras que seriam muito mais facilmente controladas. Com o repetido emprego dessas estratégias, criou-se a expressão 'República das Bananas' denominando aquelas nações cujas instituições democráticas eram facilmente derrubadas, cujas constituições eram vilipendiadas e governantes espúrios tranquilamente assumiam o poder sem que para isso precisassem de um voto sequer dos povos desses países que passavam então a ser facilmente explorados e ver suas riquezas sendo tranquilamente saqueadas. 

As pessoas, coitadas, viviam na míngua, com remuneração aviltante por seu trabalho, sem educação, sem saúde, sem segurança pois os usurpadores do poder não tinham a menor preocupação com seu destino, querendo mais é que morressem assim que não tivessem mais capacidade de trabalho.

Pois é, cada povo tem o governo que merece, e se um povo descuida de proteger suas instituições, sua constituição, permitindo a supremacia de usurpadores, mais dia, menos dia acabará se vendo em situação de penúria e deserdado. Acabarão virando reles coletores para novas multinacionais em um nova República Bananeira que não soube ou pior ainda, não quis preservar suas instituições, preferindo rasgar e jogar ao lixo sua constituição, seduzidos por falsas promessas de cantos de sereias. 

Day-O... Day-Oooo - Vem raiando o dia e quero ir prá casa...



domingo, 17 de maio de 2015

Idiota Político

Você é um idiota político? 

  Não,  não quero ofender ninguém. Aqui 'idiota' é como era usado na Grécia antiga, onde idiota era apenas o sujeito que não se envolvia em política dedicando-se apenas a seus negócios particulares. 

  Hoje é difícil não ser político, embora muitos se esforcem declarando sua aversão política chamando políticos de uma maneira geral de ladrões e vigaristas.

  Se isso te serve de desculpa para se distanciar da política, cuidado! Quanto mais  você se afastar, mais livres ficam os políticos inescrupulosos, para arquitetar suas tramoias. Não nos convém deixar essa gente à vontade. Isto equivale a assinarmos um cheque em branco e entregá-lo a eles. 

  O político desleal vai usar em causa própria o poder que você lhe conferiu sem o menor remorso. E mais, nós é que pagaremos a conta por seus desatinos, porque embora muita gente acredite, equivocadamente, que dinheiro público não é de ninguém, o dinheiro público é nosso, sim senhor, vem do nosso suor. Dizem os entendidos que, de tudo que ganhamos durante o ano, o montante de quatro meses - ATENÇÃO: QUATRO MESES!! vai para o governo como impostos. 

  Com esse dinheiro o governo deveria nos proporcionar serviços públicos decentes como saúde, educação, segurança... só para citar alguns. Em vez disso, o que temos? Serviços sofríveis, e um festival infindável de maracutaias com o dinheiro público. E por que isso acontece? 

  Eu acho que esse estado de coisas não é recente. Isso vem de muitos tempo atrás. É o jeito de fazer política (olha ela aí de novo) que está errado.

 Não deveríamos permitir que empresários e políticos se mancomunassem em relações espúrias e incestuosas do tipo: Eu financio a tua campanha, e você eleito, me consegue obras e contratos (superfaturadas é claro) e dividimos os lucros que os 'trouxas' (nós o povo) pagam.

  Por que você acha que existe algo como um festim diabólico quando se muda o governo, e fica aquele alvoroço todo sobre quem será o ministro das quantas, quais os escolhidos para  o terceiro e quarto escalões do governo? Quantas vezes você já ouviu dizer que o partido tal levou este ou aquele ministério  de 'porteira fechada'? Para que?

 É a maneira de fazer política que está errada. Votamos em alguém para deputado. Apesar de ter votação expressiva ele não entra. E repente entra um Zé Mané que ninguém nunca ouviu falar. Por que? Cota do partido? Puxador de voto? Celebridades momentâneas que levam votos dos mais desavisados... 

 Definitivamente não estamos fazendo política corretamente e tampouco nossos governantes o fazem, tão enrolados que estão nesse jogo de cadeiras que se tornaram as eleições em nosso país. 

 O que fazer? 

 Precisamos urgentemente de uma reforma política! Mas fique atento! 

 Já existem propostas prontas e uma delas é a PEC 352/2013 ou 'Emenda Vacarezza' que entrará em votação na câmara agora no segundo semestre. E o que propõe essa reforma? 

 Constitucionalizar o financiamento de campanhas políticas por empresas - algo assim como deixar a raposa tomando conta do galinheiro. Será que dá certo? 

  E o que nós o povo fazemos diante disso? Nada, não é mesmo? Afinal, somos avessos à política. Política é coisa de quem não tem o que fazer. Eu não tenho tempo de ficar mexendo com isso... 

 Ótimo. Depois que a lei entrar em vigor, e a coisa degringolar, vá chorar para o Papa Francisco.

 E tem alternativa? Tem. Pelo menos uma ao que sei. Veja em:

 reformapoliticademocratica.org.br

Ah, já sei. Não tem tempo. Isso é coisa de quem não tem o que fazer, etc, etc. etc....

Só não digam que não avisei!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nós, brasileiros...

Nós, brasileiros, somos especialistas em dar palpites em tudo, sem termos a menor ideia do que estamos falando. Queremos posar de bem educados e civilizados, quando na verdade não passamos de broncos preconceituosos, Achamos que temos soluções certa para todos os problemas que nos afligem, mas não movemos uma palha para resolvê-los, e deles esquecemos tão rápido quanto as manchetes dos jornais de ontem.
Alguns exemplos?
Quem nunca reclama do condomínio do prédio onde mora? Mas quem se habilita a participar nas reuniões e integrar o conselho? E o que dizemos disso? "Ah, é coisa de velho... Coisa de quem não tem o que fazer... Estou ocupado... Não posso perder tempo com essas bobagens..." Mas depois, quando alguma medida é tomada, como aumento da mensalidade, ou a realização de alguma reforma, a maioria de nós cai matando em cima do síndico dizendo cobras e lagartos a seu respeito... Isso quando, como não é raro, o síndico é realmente um vigarista que instala algo como uma lei marcial no condomínio, e explora os condôminos, todos reclamando das vilanias, mas ninguém fazendo nada.
E na política? Somos especialistas em criticar governantes, especialmente daqueles com quem antipatizamos por diferenças de classe, como por exemplo, o governo ora no poder... Bem, neste caso até que há alguma manifestação  acorremos à Avenida Paulista para pedir o impeachment da Dilma, a extinção do PT e a volta dos militares, como se isso fosse resolver todos os problemas e mazelas que dia a dia enchem as páginas dos jornais e os noticiários na televisão. 
Mas efetivamente reclamamos com nossos representantes? Quem são eles? Em quem votamos para deputado nas últimas eleições? E de que adiantaria isso? E os senadores? Quem são? Pra que servem e o que fazem?
Temos a tendencia de focar no personagem central, o presidente, o técnico da seleção, o governador e o prefeito e achar que eles é que tem que resolver os problemas num piscar de olhos. Se não o fazem, não prestam. E se nós os enxergamos como gente de outra classe social, aí então as críticas e ofensas são pesadíssimas. Já com os governantes que achamos ser gente como a gente, aí as coisas são diferentes, tudo é relevado e seus mal feitos são esquecidos como se não nos afetasse em nada. 
Nós não temos a menor ideia de que, independentemente de quem são os governantes, da esquerda ou da direita, do norte ou do sul, do leste ou do oeste, de cima ou de baixo, o erro está no jeito de se fazer política, está em nossa cultura. 
Tendemos a achar que o que é público, não é de ninguém, daí tão baixo apreço aos bens públicos, inclusive numerário que muitos se acham no direito de achacar e prevaricar pois afinal de contas, se não é de ninguém, ninguém se prejudica por isso, certo? Nem se diga nada dos sonegadores, pois se o Estado pesa demasiado em nossos ombros, que não seja reprovável evadirmo-nos à obrigação de recolher aquilo que pudermos ocultar aos vigilantes olhos do fisco.
Mas se está tudo errado, se há tantas e quantas mazelas que aviltam nossa vida, nossa sociedade e nossa cultura, por que não nos irmanamos a clamar por mudanças? De certo modo até já tivemos um ensaio disso, mas que, como não poderia deixar de ser, em se tratando de nós brasileiros, parece já estar fora da memória, especialmente daqueles que deveriam promover tais mudanças, nossos supostos representantes que nada fazem senão servir a si mesmos e a seus patrocinadores, que efetivamente não somos nós, e sim grupos empresariais que financiam suas cada vez mais onerosas campanhas políticas. 
Competiria a nós urgir por mudanças, mas se não nos dispomos sequer a atuar em nossos próprios condomínios, muito menos vamos querer mexer com política e políticos, afinal, com é costume dizer, não passam de ladrões. Porém são esses os que fazem política e dela se beneficiam, e se assim o fazem, é apenas porque nós os deixamos à vontade para isso, enquanto cultivamos a tola ilusão de que tirando o PT e a Dilma estará tudo resolvido... E quem é mesmo que viria em substituição?

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Humanos somos

Um pesquisador norte americano se propôs a conferir a idade do planeta Terra. Para isso precisava determinar o nível de chumbo encontrado em determinadas rochas, resultante do decaimento radioativo natural do urânio. Mas ele se deparou com um problema. Não conseguia determinar níveis consistentes. Os resultados variavam muito e aleatoriamente. Após muito raciocinar, concluiu que o problema era devido ao chumbo estar muito espalhado no meio ambiente. Mas de onde teria vindo? Novas pesquisas demonstravam que o chumbo vinha sendo espalhado principalmente pelos carros, porque a indústria prolífera, colocava um aditivo na gasolina a fim de aumentar sua octanagem e assim melhorar o rendimento e o desempenho dos motores dos carros. Era o chamado chumbo tetra-etila. Embora a utilização do aditivo viesse já desde o final dos anos 1920, e fosse muito satisfatória, especialmente para a indústria do petróleo, trazia também um problema muito série já que o chumbo é altamente tóxico ao ser absorvido pelo organismo das pessoas, e com efeito, muitos dos empregados das petrolíferas que trabalhavam preparando a mistura, vinham apresentando incidência elevada de 'saturnismo' doença provocada pela absorção de chumbo. Mas como o processo era bem mais barato que outros meios para obter o mesmo resultado - aumentar a octanagem da gasolina - nada era feito e todas as pesquisas para determinar a extensão do problema, eram sistematicamente boicotadas pelos lobbies das petroleiras. Foram realizadas inúmeras reuniões, e painéis para discutir o problema sem que se chegasse a bom termo no que se referia a questão ambiental, inclusive com a conivência do governo americano. Foi só com a determinação de se reduzir a poluição produzida pelos carros, através do uso de catalizadores, que o problema da adição do chumbo tetraetila passou a ser seriamente encarado, já que o chumbo estragava os catalizadores. Então a partir do final dos anos 1980 se começou a trabalhar seriamente para acabar com o uso desse aditivo.

Um dos países pioneiros na substituição do chumbo tetraetila foi justamente o Brasil, que através do programa do álcool, passou a adicionar álcool anidro à gasolina que produzia o mesmo efeito que o aditivo a base de chumbo, porém sem os seus inconvenientes, e ainda reduzia níveis de outros poluentes. Assim, desde 1992 nossa gasolina é isenta de chumbo e à partir daí se começou a instalar catalizadores nos carros o que reduziu muito a poluição ambiental em nossas grandes cidades. 
Mas foi feito mais, através do empenho da Petrobras e da Embrapa, fomos aperfeiçoando os processos de plantio e processamento da cana, bem como melhorando a performance dos motores, e com o advento da injeção eletrônica foram viabilizados os motores 'flex' que podem funcionar tanto com gasolina quanto com etanol em qualquer proporção.

Mas o ponto aonde eu queria chegar é no entendimento das razões por que, afinal de contas, as indústrias petroleiras e automobilística perpetuam tanto o uso de motores de combustão interna nos veículos. Suponho que carros elétricos seriam uma solução muito mais eficiente e ecológica. Mas essa tecnologia não sai das pranchetas dos engenheiros. Sempre se alega que as baterias seriam pouco práticas para viabilizar esses veículos. Mas o fato é que carros elétricos já haviam surgido no começo da indústria automobilística mas foram pura e simplesmente descartados e desprezados. Acredito que isso aconteceu devido a interesses comerciais e financeiros dos grandes empresários do petróleo e dos automóveis. Hoje em dia soa ridículo alegar problemas de baterias para viabilizar carros elétricos. As notórias deficiências das baterias estão sendo diariamente superadas graças ao desenvolvimento que vem sendo requerido devido às necessidades da indústria de informática, para viabilizar note-books que funcionem horas seguidas sem ligar à rede elétrica, e principalmente nos telefones celulares, cuja convergência com a informática vem exigindo também baterias de alto desempenho. 

Será que finalmente poderemos contar em futuro próximo com carros 100% elétricos de alto desempenho e autonomia e com recarga de baterias tão rápida quanto ao abastecimento do tanque de gasolina?

domingo, 12 de abril de 2015

Sobre a Corrupção

Eu não acredito que, nós brasileiros, sejamos mais corrompíveis do que quaisquer outros povos. Entretanto a corrupção (e também a sonegação de impostos, é bom que não se esqueça) grassa entre nós, conforme enxergo, por questão cultural, educacional e judiciária.

No aspecto cultura, desde de tempos cabralinos temos uma visão distorcida do Estado, que sempre foi visto como algo que existe para favorecer as elites enquanto que dos pobres e desfavorecidos, só são cobrados impostos caros que se revertem péssimo serviços públicos. Isto reforça convicção de que o bem público, não é de ninguém - pelo menos não dos pobres. E isto se traduz no pouco apreço aos bens públicos que frequentemente são depredados e desprezados, com ruas, rios e espaços públicos, se convertendo em verdadeiros depósitos de lixo. Esta situação toda leva as pessoa a acreditar que não faz mal tirar algum proveito do Estado, pois seria de seu direito buscar algum beneficio do Estado, ainda que por caminhos tortuosos. Aí está a gênese do raciocínio de que tirar do Estado não faz mal, e se acabou por enxergar aquele que assim age, como uma espécie de justiceiro. Só que agora chegamos a um ponto em que isso tudo se torna insustentável, demandando que algo seja feito. 

Também a educação nada faz para corrigir essa distorção. Deveria ser promovido o ensino de ética e cidadania para que já, desde a infância, as pessoas tivessem o mínimo de conhecimentos para exercer a sua cidadania. Mas isto não é feito, e assim temos uma formação - ou antes, uma deformação cultural que se perpetua e é expressa na péssima qualidade de nossos políticos e servidores públicos que também não tiveram esse tipo de formação e por isso acabam por servi-se do Estado em vez de a este servir. 

Finalmente temos nossas leis que são excessivamente lenientes com criminosos de elevada posição social e extremamente duras, ineficazes e preconceituosas com criminosos de classes baixas. Tal leniência é ainda mais  frouxa com os amigos parentes, ou aqueles que detenham muito poder político ou financeiro. Esse tipo de atuação tende a fazer com que as pessoas desacreditem da justiça.

Pois bem, diante de tantos fatores creio que não é de se admirar que tenhamos chegado a um nível de corrupção que tem se mostrado sufocante. Ao que parece a sociedade já não aguenta mais tais práticas, e clama por mudanças. Mas o problema é que tais mudanças devem vir daqueles que são os maiores beneficiados por esse estado de coisas, ou seja nossos políticos. 

Infelizmente parte da sociedade parece entender que toda essa corrupção surgiu com a chegada do PT ao poder. Longe disso. Como  eu disse acima, este estado de coisas vem sendo temperado desde dos tempos em que Cabral passou por estas plagas. Se o PT colaborou em certa medida foi porque, a meu ver, faz décadas que não há como se fazer política neste país sem que o governo faça uma espécie de loteamento da máquina administrativa entre os diversos partidos que dizem lhe dar apoio. Por que outra razão haveria de se montarem trinta e nove ministérios, senão para distribuir poder de manipular verbas aos agentes dos diversos partidos? Como pode um governo eleito livrar-se dessa hidra? Apenas através de uma reforma política. Mas qual, como? E para piorar, toda reforma dependerá da aprovação da câmara e do senado. E então como é que fica? O que fazer? Como vamos nos livrar dessa situação toda?

Alguém tem alguma sugestão?