Quero crer que todos nós esperamos sempre encontrar profissionais competentes para nos atender nos mais variados serviços que precisamos - desde cabeleireiros ou mecânicos até, e principalmente, médicos e advogados (?).
É de bom tom que tais profissionais ostentem seus diplomas ou certificados de conclusão de cursos que os capacite a bem prestar os serviços aos quais se propõe a fazer. Isto nos tranquiliza e transmite a impressão de que seremos bem servidos.
Entretanto, existe uma área da sociedade em que tal atributo, o de estar pelo menos familiarizado com o mister que vai se exercer, é soberbamente relevado, chegando às vezes até a ser desestimulado... Falo da política. Até onde sei não há nenhum curso de formação de políticos. Pelo que sei, nunca aprenderam nada sobre filosofia, ética e política. Ao que parece só precisam comprovar que sabem ler e escrever - fato bem explorado nas últimas eleições em que o famoso humorista 'Tiririca' eleito por expressiva avalanche de votos, quase não consegue entrar para a câmara justamente por haver dúvidas quanto a sua capacidade neste quesito.
Fiquei então elucubrando por que não se promove cursos para os políticos que entram para a vida pública... Mas pensando um pouquinho mais a fundo, pensei que não são apenas os políticos que carecem de conhecimentos nos temas acima, e sim todos nós, enquanto eleitores. Ora, se é desejável que todos nós tenhamos tais conhecimentos, por que não se inclui uma disciplina que trate de ensinar isso a todos os alunos já no primeiro grau?
Mas não, ninguém (até onde eu sei) cogita tal ideia. O que recentemente andou sendo muito discutido foi a inclusão de aulas de religião na grade de disciplinas do ensino primário. Aí naturalmente surgem os questionamentos - qual religião ensinar? Cristã? Islâmica? Hinduísmo, Bramanismo, Budismo? - Muitos políticos esboçaram sinais de cifrão em seus olhos imaginando dotar cada escola de um professor para cada uma das religiões enumeradas, e ainda subdividir o cristianismo entre o catolicismo, protestantismo, evangelismo e por aí vai...
Para! Para! Ensinar religião nas escolas é uma aberração. Essa é questão para ser resolvida pela família, e ao que me consta, muitas igrejas ministram a seus fiéis aulas de religião para alicerçar sua fé nas famosas escolas dominicais. Em minha humilde opinião, isto bastaria para encerrar esta questão.
Mas e o ensino de política, filosofia, ética... Tive a lembrança de que quando entrei na escola, no curso primário, nos idos do ano mil novecentos e sessenta e um, tinha aulas de português, matemática, ciências e Educação Moral e Cívica. Nesta última aprendíamos conceitos básicos sobre política como quem são prefeitos, vereadores, deputados, governadores e presidentes, o que eles fazem; sobre os três poderes e por aí vai. Tais conhecimentos ficaram marcados em minha mente de tal sorte que até hoje ainda os retenho e tem sido bastante úteis para que eu consiga pelo menos tentar entender como funciona a política neste nosso país - mas não está sendo fácil... Há tanta coisa que se faz, e que se diz, que atropela tão acintosamente o bom senso que mal dá para se acreditar e fica-se achando que, como ouvi um sábio dizer, "Em terra de cego, quem tem um olho... emigra".
Reinaldo
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