quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nós, brasileiros...

Nós, brasileiros, somos especialistas em dar palpites em tudo, sem termos a menor ideia do que estamos falando. Queremos posar de bem educados e civilizados, quando na verdade não passamos de broncos preconceituosos, Achamos que temos soluções certa para todos os problemas que nos afligem, mas não movemos uma palha para resolvê-los, e deles esquecemos tão rápido quanto as manchetes dos jornais de ontem.
Alguns exemplos?
Quem nunca reclama do condomínio do prédio onde mora? Mas quem se habilita a participar nas reuniões e integrar o conselho? E o que dizemos disso? "Ah, é coisa de velho... Coisa de quem não tem o que fazer... Estou ocupado... Não posso perder tempo com essas bobagens..." Mas depois, quando alguma medida é tomada, como aumento da mensalidade, ou a realização de alguma reforma, a maioria de nós cai matando em cima do síndico dizendo cobras e lagartos a seu respeito... Isso quando, como não é raro, o síndico é realmente um vigarista que instala algo como uma lei marcial no condomínio, e explora os condôminos, todos reclamando das vilanias, mas ninguém fazendo nada.
E na política? Somos especialistas em criticar governantes, especialmente daqueles com quem antipatizamos por diferenças de classe, como por exemplo, o governo ora no poder... Bem, neste caso até que há alguma manifestação  acorremos à Avenida Paulista para pedir o impeachment da Dilma, a extinção do PT e a volta dos militares, como se isso fosse resolver todos os problemas e mazelas que dia a dia enchem as páginas dos jornais e os noticiários na televisão. 
Mas efetivamente reclamamos com nossos representantes? Quem são eles? Em quem votamos para deputado nas últimas eleições? E de que adiantaria isso? E os senadores? Quem são? Pra que servem e o que fazem?
Temos a tendencia de focar no personagem central, o presidente, o técnico da seleção, o governador e o prefeito e achar que eles é que tem que resolver os problemas num piscar de olhos. Se não o fazem, não prestam. E se nós os enxergamos como gente de outra classe social, aí então as críticas e ofensas são pesadíssimas. Já com os governantes que achamos ser gente como a gente, aí as coisas são diferentes, tudo é relevado e seus mal feitos são esquecidos como se não nos afetasse em nada. 
Nós não temos a menor ideia de que, independentemente de quem são os governantes, da esquerda ou da direita, do norte ou do sul, do leste ou do oeste, de cima ou de baixo, o erro está no jeito de se fazer política, está em nossa cultura. 
Tendemos a achar que o que é público, não é de ninguém, daí tão baixo apreço aos bens públicos, inclusive numerário que muitos se acham no direito de achacar e prevaricar pois afinal de contas, se não é de ninguém, ninguém se prejudica por isso, certo? Nem se diga nada dos sonegadores, pois se o Estado pesa demasiado em nossos ombros, que não seja reprovável evadirmo-nos à obrigação de recolher aquilo que pudermos ocultar aos vigilantes olhos do fisco.
Mas se está tudo errado, se há tantas e quantas mazelas que aviltam nossa vida, nossa sociedade e nossa cultura, por que não nos irmanamos a clamar por mudanças? De certo modo até já tivemos um ensaio disso, mas que, como não poderia deixar de ser, em se tratando de nós brasileiros, parece já estar fora da memória, especialmente daqueles que deveriam promover tais mudanças, nossos supostos representantes que nada fazem senão servir a si mesmos e a seus patrocinadores, que efetivamente não somos nós, e sim grupos empresariais que financiam suas cada vez mais onerosas campanhas políticas. 
Competiria a nós urgir por mudanças, mas se não nos dispomos sequer a atuar em nossos próprios condomínios, muito menos vamos querer mexer com política e políticos, afinal, com é costume dizer, não passam de ladrões. Porém são esses os que fazem política e dela se beneficiam, e se assim o fazem, é apenas porque nós os deixamos à vontade para isso, enquanto cultivamos a tola ilusão de que tirando o PT e a Dilma estará tudo resolvido... E quem é mesmo que viria em substituição?

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