domingo, 12 de abril de 2015

Sobre a Corrupção

Eu não acredito que, nós brasileiros, sejamos mais corrompíveis do que quaisquer outros povos. Entretanto a corrupção (e também a sonegação de impostos, é bom que não se esqueça) grassa entre nós, conforme enxergo, por questão cultural, educacional e judiciária.

No aspecto cultura, desde de tempos cabralinos temos uma visão distorcida do Estado, que sempre foi visto como algo que existe para favorecer as elites enquanto que dos pobres e desfavorecidos, só são cobrados impostos caros que se revertem péssimo serviços públicos. Isto reforça convicção de que o bem público, não é de ninguém - pelo menos não dos pobres. E isto se traduz no pouco apreço aos bens públicos que frequentemente são depredados e desprezados, com ruas, rios e espaços públicos, se convertendo em verdadeiros depósitos de lixo. Esta situação toda leva as pessoa a acreditar que não faz mal tirar algum proveito do Estado, pois seria de seu direito buscar algum beneficio do Estado, ainda que por caminhos tortuosos. Aí está a gênese do raciocínio de que tirar do Estado não faz mal, e se acabou por enxergar aquele que assim age, como uma espécie de justiceiro. Só que agora chegamos a um ponto em que isso tudo se torna insustentável, demandando que algo seja feito. 

Também a educação nada faz para corrigir essa distorção. Deveria ser promovido o ensino de ética e cidadania para que já, desde a infância, as pessoas tivessem o mínimo de conhecimentos para exercer a sua cidadania. Mas isto não é feito, e assim temos uma formação - ou antes, uma deformação cultural que se perpetua e é expressa na péssima qualidade de nossos políticos e servidores públicos que também não tiveram esse tipo de formação e por isso acabam por servi-se do Estado em vez de a este servir. 

Finalmente temos nossas leis que são excessivamente lenientes com criminosos de elevada posição social e extremamente duras, ineficazes e preconceituosas com criminosos de classes baixas. Tal leniência é ainda mais  frouxa com os amigos parentes, ou aqueles que detenham muito poder político ou financeiro. Esse tipo de atuação tende a fazer com que as pessoas desacreditem da justiça.

Pois bem, diante de tantos fatores creio que não é de se admirar que tenhamos chegado a um nível de corrupção que tem se mostrado sufocante. Ao que parece a sociedade já não aguenta mais tais práticas, e clama por mudanças. Mas o problema é que tais mudanças devem vir daqueles que são os maiores beneficiados por esse estado de coisas, ou seja nossos políticos. 

Infelizmente parte da sociedade parece entender que toda essa corrupção surgiu com a chegada do PT ao poder. Longe disso. Como  eu disse acima, este estado de coisas vem sendo temperado desde dos tempos em que Cabral passou por estas plagas. Se o PT colaborou em certa medida foi porque, a meu ver, faz décadas que não há como se fazer política neste país sem que o governo faça uma espécie de loteamento da máquina administrativa entre os diversos partidos que dizem lhe dar apoio. Por que outra razão haveria de se montarem trinta e nove ministérios, senão para distribuir poder de manipular verbas aos agentes dos diversos partidos? Como pode um governo eleito livrar-se dessa hidra? Apenas através de uma reforma política. Mas qual, como? E para piorar, toda reforma dependerá da aprovação da câmara e do senado. E então como é que fica? O que fazer? Como vamos nos livrar dessa situação toda?

Alguém tem alguma sugestão?
     

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