quarta-feira, 22 de abril de 2015

Humanos somos

Um pesquisador norte americano se propôs a conferir a idade do planeta Terra. Para isso precisava determinar o nível de chumbo encontrado em determinadas rochas, resultante do decaimento radioativo natural do urânio. Mas ele se deparou com um problema. Não conseguia determinar níveis consistentes. Os resultados variavam muito e aleatoriamente. Após muito raciocinar, concluiu que o problema era devido ao chumbo estar muito espalhado no meio ambiente. Mas de onde teria vindo? Novas pesquisas demonstravam que o chumbo vinha sendo espalhado principalmente pelos carros, porque a indústria prolífera, colocava um aditivo na gasolina a fim de aumentar sua octanagem e assim melhorar o rendimento e o desempenho dos motores dos carros. Era o chamado chumbo tetra-etila. Embora a utilização do aditivo viesse já desde o final dos anos 1920, e fosse muito satisfatória, especialmente para a indústria do petróleo, trazia também um problema muito série já que o chumbo é altamente tóxico ao ser absorvido pelo organismo das pessoas, e com efeito, muitos dos empregados das petrolíferas que trabalhavam preparando a mistura, vinham apresentando incidência elevada de 'saturnismo' doença provocada pela absorção de chumbo. Mas como o processo era bem mais barato que outros meios para obter o mesmo resultado - aumentar a octanagem da gasolina - nada era feito e todas as pesquisas para determinar a extensão do problema, eram sistematicamente boicotadas pelos lobbies das petroleiras. Foram realizadas inúmeras reuniões, e painéis para discutir o problema sem que se chegasse a bom termo no que se referia a questão ambiental, inclusive com a conivência do governo americano. Foi só com a determinação de se reduzir a poluição produzida pelos carros, através do uso de catalizadores, que o problema da adição do chumbo tetraetila passou a ser seriamente encarado, já que o chumbo estragava os catalizadores. Então a partir do final dos anos 1980 se começou a trabalhar seriamente para acabar com o uso desse aditivo.

Um dos países pioneiros na substituição do chumbo tetraetila foi justamente o Brasil, que através do programa do álcool, passou a adicionar álcool anidro à gasolina que produzia o mesmo efeito que o aditivo a base de chumbo, porém sem os seus inconvenientes, e ainda reduzia níveis de outros poluentes. Assim, desde 1992 nossa gasolina é isenta de chumbo e à partir daí se começou a instalar catalizadores nos carros o que reduziu muito a poluição ambiental em nossas grandes cidades. 
Mas foi feito mais, através do empenho da Petrobras e da Embrapa, fomos aperfeiçoando os processos de plantio e processamento da cana, bem como melhorando a performance dos motores, e com o advento da injeção eletrônica foram viabilizados os motores 'flex' que podem funcionar tanto com gasolina quanto com etanol em qualquer proporção.

Mas o ponto aonde eu queria chegar é no entendimento das razões por que, afinal de contas, as indústrias petroleiras e automobilística perpetuam tanto o uso de motores de combustão interna nos veículos. Suponho que carros elétricos seriam uma solução muito mais eficiente e ecológica. Mas essa tecnologia não sai das pranchetas dos engenheiros. Sempre se alega que as baterias seriam pouco práticas para viabilizar esses veículos. Mas o fato é que carros elétricos já haviam surgido no começo da indústria automobilística mas foram pura e simplesmente descartados e desprezados. Acredito que isso aconteceu devido a interesses comerciais e financeiros dos grandes empresários do petróleo e dos automóveis. Hoje em dia soa ridículo alegar problemas de baterias para viabilizar carros elétricos. As notórias deficiências das baterias estão sendo diariamente superadas graças ao desenvolvimento que vem sendo requerido devido às necessidades da indústria de informática, para viabilizar note-books que funcionem horas seguidas sem ligar à rede elétrica, e principalmente nos telefones celulares, cuja convergência com a informática vem exigindo também baterias de alto desempenho. 

Será que finalmente poderemos contar em futuro próximo com carros 100% elétricos de alto desempenho e autonomia e com recarga de baterias tão rápida quanto ao abastecimento do tanque de gasolina?

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